A escassez do camarão nas águas dos rios da Amazônia desperta preocupação em pesquisadores e famílias paraenses que dependem das vendas do alimento para se sustentar. As regiões do Marajó e Baixo Amazonas são as áreas que mais sofrem com a diminuição drástica das populações de camarão nos rios da região.O assunto foi discutido no Amazônia Brazil-UK Workshop, evento que reuniu pesquisadores brasileiros e ingleses em Bragança, no Pará, de 22 a 25 de julho. O encontro contou com a participação de lideranças e pesquisadores artesanais para dialogar sobre soluções para conter a crise na pesca do crustáceo, sobretudo o camarão-da-amazônia (Macrobrachium amazonicum), conhecido nas feiras como o camarão regional.

O quadro de escassez foi confirmado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), que ressaltou a necessidade do estabelecimento de um regramento para a atividade, a fim de garantir sua continuidade de forma sustentável.

A estimativa é que cerca de 17 mil famílias de pescadores estejam diretamente ligadas à atividade nos rios do Pará, no entanto, esse número pode ser maior.

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Os pesquisadores apontaram que a intensificação do uso de embarcações a motor pode estar relacionada à aceleração do desaparecimento do camarão regional. Barcos a motor despejam na água resíduos de óleo e combustível, além de causar ruídos e acelerar o processo de erosão das margens, principalmente nas regiões de várzea e igapó.

Um ensaio da estratégia de interromper a pesca no período em que as fêmeas estão ovígeras, que coincide com os meses mais chuvosos na região, foi colocado em prática entre janeiro e maio de 2024 nos municípios visitados pelos técnicos – e o resultado foi positivo. “A captura estava dando de 60 a 70 gramas por matapi, por maré, o que inviabiliza economicamente a atividade. Mas quando eles abriram a pesca, o matapi que vinha com 70 gramas por maré veio com quase 300 gramas”, diz o engenheiro de pesca da Sedap.

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