As famílias de baixa renda do Pará podem ser prejudicada pela quantidade de apostas online registradas em 2024. É o que diz o economista Marcus Holando, do Conselho Regional de Economia do Pará-Amapá. O orçamento dos paraenses, com isso, deve enfrentar dificuldades para dar conta de despesas básicas, como alimentação, transporte, água e luz, uma vez que o faturamento mensal dessas pessoas já é muito enxuto – o estado é o nono com a menor renda média do Brasil. O assunto ganhou repercussão após a divulgação de um estudo produzido pelo Banco Central (BC), na última terça-feira (24).

Na análise, o BC mostra que, somente em agosto, o volume de apostas chegou a R$ 20,8 bilhões. Entre os beneficiários do Bolsa Família, os dados apontam que 5 milhões de pessoas enviaram cerca de R$ 3 bilhões via pix para essas plataformas. O valor médio transferido é de R$ 100. O Banco mapeou, ainda, o perfil dos apostadores: 70% são chefes de família – ou seja, aqueles que de fato recebem o benefício – e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por pix para as bets – como são conhecidas as apostas esportivas. O Banco Central utilizou para a pesquisa o número de cadastrados de dezembro de 2023, dentre os quais 17% apostaram. Ainda conforme o material, as famílias de baixa renda são as mais prejudicadas.

Ao todo, o BC contabilizou que o volume mensal de transferências pix de pessoas físicas para empresas de apostas online variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões neste ano. Os impactos disso no Pará, conforme aponta o economista Marcus Holanda, proporcionam um cenário de crescente endividamento.

Está afetando a renda da maior parte da população paraense. Os efeitos negativos disso são como em qualquer dívida. Quando você está devendo aquela dívida de uso essencial, ou seja, luz, telefone… Não tem dinheiro para passagem de ônibus e nem para alimentação básica, você não tem dignidade minimamente humana respeitada, comenta o especialista.

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