O número de focos de queimadas no Brasil mais que dobrou em agosto de 2024, em comparação ao mesmo período em 2023. É o que mostram dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do governo federal. As regiões Centro-Oeste e Norte são as mais atingidas.

Em agosto deste ano, o país registrou 68.635 focos de queimadas. Já em agosto do ano passado, o Brasil teve 28.056 focos de queimadas. A diferença representa um aumento de aproximadamente 145%.

Os estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas lideram em número de queimadas. Apenas no mês de agosto, Pará (66%) e Amazonas (62%) concentraram mais da metade dos focos de incêndio do ano. No Mato Grosso, a situação também é crítica, com 48% dos focos registrados apenas neste mês.

Em apenas 48 horas, mais de 5 mil focos de incêndio foram registrados em todo o país. Os governos de Rondônia e Pará decretaram situação de emergência devido às queimadas. No Pará, o decreto ainda proíbe o uso de fogo para limpeza de áreas rurais e manejo de pastagem por 180 dias.

De acordo com Thais Bannwhart, porta-voz do Greenpeace Brasil, o aumento nos focos de queimadas está relacionado à estiagem prolongada que atinge vastas regiões do Brasil.

Estamos há 13 meses consecutivos quebrando recordes de temperatura. No ano passado, tivemos um super El Niño que trouxe seca para a região Norte, afetando a capacidade de recuperação da Amazônia, tanto hídrica quanto de vegetação, deixando a floresta mais seca e propensa a incêndios descontrolados, diz Thais

Brasil tem pior mês de agosto (no quesito queimadas) desde 2010

Os mais de 68 mil focos de queimadas também fizeram do mês passado o pior agosto desde 2010. Naquele ano, o satélite de referência do Inpe detectou 90.444 focos de queimadas no Brasil.

Além disso, o total de queimadas registradas no mês passado fizeram dele o quinto pior agosto desde 1998, quando o Inpe começou a coletar dados sobre queimadas.

A maioria dos focos detectados em agosto de 2024 (mais de 80%) ocorreram na Amazônia e no Cerrado, segundo o Inpe.

Queimadas na Amazônia

Em agosto deste ano, 38.266 focos de queimadas foram detectados na Amazônia. Considerando o total do mês, esse número representa aproximadamente 56%. E comparando a agosto de 2023, aumentou 120%.

Já entre janeiro e 1º de setembro, o bioma registrou 65.667 focos de queimadas. Em comparação ao mesmo período em 2023 – quando 32.145 focos foram detectados na Amazônia – o número representa um aumento de 104%.

Queimadas no Cerrado

No Cerrado, 18.620 focos de queimadas foram detectados em agosto de 2024. É mais que o dobro (aumento de aproximadamente 172%) dos focos registrados no mesmo período em 2023 (6.850).

Considerando do começo do ano até agora, o bioma teve 40.496 focos de queimadas. Em comparação ao mesmo período em 2023, o número representa um aumento de 70%.

Situação de emergência por incêndio florestal cresce 354% em agosto

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o número de decretos de emergência para incêndios florestais aumentou 354% em agosto, comparado a 2023. Apenas este mês, foram 118 dos 167 decretos registrados em 2024, representando 70% do total.

As cidades de São Paulo lideram os registros, com 51 ocorrências, seguidas pelos municípios de Mato Grosso do Sul (35), Acre (22), Espírito Santo e Rondônia (2 cada), e Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Santa Catarina (1 cada).

Dados da CNM indicam que mais de 4,4 milhões de pessoas foram afetadas pelos incêndios florestais no Brasil em 2024, com 90% dessas ocorrências (4 milhões) concentradas em agosto.

A estimativa parcial aponta prejuízos de ao menos R$ 38 milhões, sendo R$ 13,6 milhões na agricultura, R$ 10 milhões em assistência médica emergencial e R$ 9,2 milhões na pecuária.

Ainda segundo a CNM, com o número recorde de queimadas na Amazônia e no Pantanal, os decretos municipais de situação de emergência devido a incêndios florestais mais que triplicaram em 2024. De janeiro até 26 de agosto, foram registrados 167 decretos, um aumento de 193% em relação ao mesmo período do ano passado.

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