Mulheres de todo o planeta, muitas histórias de superação contra preconceitos e violência.

 

Como cronista esportivo, faz um tempo que acompanho a movimentação do mercado esportivo em direção ao futebol feminino. Sempre sobrou oportunismo e frases de efeito, mas ainda faltava o principal: engajamento.

Com tantas discussões sobre igualdade de gênero, feminismo e empoderamento feminino, inclusive no esporte, não demorou muito para grandes marcas surfarem a onda do futebol feminino. Mas pelo menos, nesses meus quarenta e poucos anos de vida, é a primeira vez que vejo mulheres podendo comprar uma camisa oficial de seleção com nome de jogadoras e com o modelo desenhado para o corpo feminino, mas atenção, eu disse comprar e pagando caro. Este é o sistema, é assim que a banda toca.

É também, a primeira vez que o grande público está acompanhando – e conhecendo – jogadoras de outros times e suas histórias, históricos, estilo de vida etc. Isto é importante não só pelo fato de exaltar uma atleta mulher, mas principalmente, porque percebemos no futebol feminino a resiliência própria de todas as mulheres, além de resistência e engajamento.

Engajamento esse que caminha junto com os mais diversos movimentos a favor da mulher e da igualdade de gênero. Que também proporciona oportunidade para construir de maneira mais consciente a escolha dessa nova geração de meninas que está por vir, e que, poderão viver o “lugar de mulher é onde ela quiser” verdadeiramente.

Quando levantamos a questão de construção de escolha, trazemos para a discussão, uma quebra de padrões apresentando novas possibilidades (recomendo muito leituras relacionadas a Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein, ganhadores do prêmio Nobel de Economia e do livro Nudge). Se até então o futebol sempre foi compreendido como um esporte masculino, o momento atual mostra para as novas gerações que mulheres jogam futebol tanto quanto homens. São tão ou mais competitivas, estratégicas, preparadas física e emocionalmente para fazer uma bela partida do esporte mais popular do mundo.

Com toda a exposição da Copa do Mundo Feminina, é sim o momento de oportunizar para nossas meninas a condição de perderem o medo e conversar com os pais sobre a vontade de jogar futebol. De oportunizar que elas desenvolvam habilidades que só um esporte coletivo como é o futebol é capaz de fazer. Dar a elas a oportunidade de conversar e debater com outras meninas sobre esse e outros assuntos. Estamos criando oportunidade de que outras amiguinhas da sua filha/sobrinha/afilhada/etc, também joguem futebol e quebrem de uma vez por todas o estereótipo tão batido, mas tão presente, que “futebol é coisa de menino”. A palavra-chave hoje, neste sentido é OPORTUNIDADE.

E voltando a construção de escolhas, temos a responsabilidade de avançar para ter um mundo onde as garotas possam escolher o esporte que elas quiserem. E esta Copa do Mundo apresenta para nossas garotinhas mulheres que vão além na luta contra os preconceitos e a violência. Mulheres fortes que venceram o medo e seguem vivendo o sonho. E se tratando do país do futebol, não tenho dúvidas que temos as melhores.

 

Por Acrizio Galdez – Cronista Esportivo RedeTV.

 

 

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